quinta-feira, 1 de abril de 2010

da dor de objeto

Sim, eu sei. Eu sou objeto. Eu sou, para você, objeto. Estou aqui, de lado, enfeitanto a casa, junto aos livros, e as fotos do coelho. É, você ainda não me explicou o sumisso inesperado dele. Mas sim, o objeto sou eu, assim como aquela sacola não abraçada, calada e cheia de saudades. Sim, eu sei. Mas eu não sei, porque assim, sendo seu objeto, pendurado como quadro, minha cabeça lateja. E faz tanto tempo que dói. Mas sim, eu sou assim. Isso não deveria doer. Eu não deveria dizer como isso entre nós deveria ser. Eu só estou pedindo um olhar. Não estou pedindo para você me ajeitar, acertar, aceitar. Eu estou tentando entender como eu, assim, na estante parado, pregado feito quadro torto, sinto isso que lateja todos os dias, aqui, em todos os lados. Eu sei. Quando o estomago vai mal a cabeça dói. É, sou um objeto com gastrite. Aí não tem jeito, dói lá e cá, de todos os lados. E vocÊ sabe, o estômago dói quando eu não consigo falar, chorar, gritar. É porque faz um tempo que você pensou ser, esse lugar, um defeito, e tampou com esparadrapo minha boca. Ficou melhor não é? Eu, assim sorrindo sempre que seus olhos passam por cima da estante. Ficou assim. Ah ! A dor... Esquece não tem problema. Ficou melhor assim. Você falando enquanto eu latejo.

3 comentários:

Anônimo disse...

nao faça de mim um objeto responsavel pelo seu desejo de objetização. objeto tem vida. seu caso é outro.

qual é o seu caso?

latejo só de pensar.

Isadora Malta disse...

não faça drama! O seu egoísmo que te faz latejar, você se esquece que falar pra mim me dói, mas sua dor é muito forte pra vc agir. A vida é feita de ação, alguém já falou isso?
você vai se acabar aos pouquinhos parada latejando.
latejar é uma ação? Não sei...falar é e eu estou vivo.

Caio Riscado disse...

a estante vai tombar.
mais um auê!