quarta-feira, 31 de março de 2010

a dor dos objetos.

estou morrendo de sono. não sei exatamente porque escrevo insônia. quer dizer. não importa. importa saber que certas coisas dentro de casa não estão ajustadas. hoje eu passei o dia quase que inteiro procurando aquela sacola, se lembram? laranja. alaranjada. era forte. resistente. pequena. mas acomodaria os chocolates que comprei para a nossa páscoa. mas como não encontrei a sacola. eu mesmo comi os chocolates. porque além do mais o calor nesta cidade do rio de janeiro de dois milhões de habitantes está insuportável. vocês se lembram? do calor. da sacola. daquele dia? lembram? sorte que bateram foto. sorte que tiraram foto. sorte que nos inscreveram numa eternidade qualquer. olha, ela está aí embaixo:


talvez ela tenha sumido porque não a abraçamos como deveríamos ter feito. aqui em casa o papo é sempre sobre o que deveria. ninguém assume o erro. tudo teria sido possibilidade. quando na verdade, o próprio tudo já se foi e resta a gente, dividido. eu estou cansado. eu tenho fome, mas tenho sono. e vou dormir com o estômago repetindo dentro de mim a estrofe maior: violenta, vai. violenta.

às vezes eu acho que eu nem sei. de nada. do que o meu corpo. está forjando para mim. para si mesmo. medo. medo de ser lacrado. de ser preso. industrializado. e assim, quando menos estiver esperando. ser rompido. devastado. perfurado. comido. compreendem?

é que eu tô me sentindo uma sacola. pequena. desajustada. feia. fora de moda. só que vez ou outra solicitada. ai, que difícil a dor dos objetos.

terça-feira, 30 de março de 2010

Mandaram eu me falar

http://acidolatte.blogspot.com/2009/12/dimitri-tsykalov.html

mas deixaram a carne sobre mim.

Dimitri Tsykalov - morram de prazer e ódio.

Eu chorei porque você deixou o coelho cair na hora mais importante:

Bel Flaksman - 23 anos.

Eu chorei porque você deixou o coelho cair na hora mais importante\

E mesmo assim, sinto que ainda não foi o suficiente para conseguir realmente

chorar.
Quem sabe a nossa casa precise quebrar mais um pouco para que tenhamos a medida da nossa felicidade? Ou pelo menos o som da felicidade? A ilusão? Quem sabe o atrito…

                               _______________________________

domingo, 28 de março de 2010

em sequência...

chorei a chuva do dia, chorei o helicóptero caído, a Dominique e o Diogo presos sem poder sair de casa, o peixe sem lar, o cabo com entrada errada, o projetor, a falta de escuta, chorei muito as músicas, o nosso cansaço, o dia que não tinha forças mas vocês me lembraram que a falta de força era um sinal de estar viva, o dia de ressaca, o dia em que não consegui pensar, o dia que as coisas não fizeram sentido e depois o dia que descobri o quanto isso era bom, o dia em que descobri um sentido, o dia em que nos jogamos sem ver sentido algum, o dia em que nos atiramos. Chorei o dia em que fiz uma descoberta. O dia em que pensei no amor, na dor, no cotidiano, na fragilidade e na violência. Chorei um roxo no joelho, um pé torcido. Chorei o dia que faltei, chorei o dia que éramos só nós, chorei o dia em que tinha gente demais, chorei o dia que fiquei cega. Chorei as mãos doces do Caio, chorei a Patricia. Chorei o movimento. Chorei a ilha de edição, chorei a Juliana, o Capello, a Maíra. Chorei o celular e o Ricardo. Chorei o mal entendido, a exaustão, a agenda. Chorei a Estela. Chorei a carona e a Carolina. A falta de sensibilidade e a sensibilidade. Chorei acordar do seu lado. Chorei noite sem dormir. Chorei niterói. Chorei os amigos. Chorei quem dançou com a gente. Chorei agora o Di, Dóds e Dire. Chorei sempre o Caio. Chorei o dia em que fui salva por você. Chorei o café, Chorei a discussão e a falta de discussão eu chorei mais ainda. Chorei a manhã em que pensei que tudo tinha sido em vão. Chorei o vão. Chorei roupas sujas. Chorei o peso das bolsas, Os livros, os morangos mofados, os textos e as xerox. Chorei o relógio. Chorei o riso nervoso e o riso sincero. Chorei a falta de choro. Chorei nossas lágrimas. Chorei eu e você. Chorei a presa, a imperfeição e a enrolação. Chorei aquilo que não concordamos. Chorei falta de controle e o controle errado. Chorei o que ficou feio. Chorei o que não condizia. Chorei a tentativa. Chorei como crescemos. Chorei o que ficou feio. Chorei o que não sei. Chorei a beleza. Chorei a felicidade sem tamanho. Chorei o almoço antes aqui em casa. O café e o grito de "merda" que até hoje quer sair, sempre, um pouco mais forte. Chorei a consciência, o encontro. Chorei ter que dar conta. Chorei a aderência. Chorei a confiança. Chorei a gente. Chorei eu.

Chorei a roda, os abraços e carinhos e beijinhos sem ter fim.

Chorei o vinho que tomamos antes.

Chorei o dia seguinte.

Chorei ontem, hoje, vou chorar amanhã e choro em sequência.

sábado, 27 de março de 2010

dúvida cruel

seu amor apazigua a violência do dia-a-dia.
a questão é:
por que é que eu estou com tanta vontade de ser violentado,
ainda
hein?

segunda-feira, 22 de março de 2010

corram riscos

_____Você acredita que existe um ponto no qual o artista deveria deixar de trabalhar com arte?
Se você acreditar que sim quando seria?
Eu vou
parar de
trabalhar
com Arte
quando eu
parar de
correr riscos,
quando eu
não
tiver mais
novas idéias e
quando eu
perder minha
paixão,
intusiasmo e o
elemento de surpresa.
________O que é Arte o produto que pode ser vendido
ou o processo que te leve a criar o produto?
Nem um dos dois,
esse ponto de vista é
banal e simplista. Arte
é muito mais que isso.
Arte é um instrumento
para se comunicar com
o mundo e para mover
o público a um nível
mais elevado de
consciência. Criar uma
obra de arte é uma
necessidade é como
respirar, você não questiona
sua respiração, só respira.
________Se você pudesse dar somente um conselho e
todos os estudantes do passado e do futuro
o que seria?
Corram riscos.

Marina Abramovic

terça-feira, 16 de março de 2010

DESderretendo

Ela ia ser um manual de idéias e não uma pessoa.
Ela ia ser igual a todas aquelas promessas de dias felizes
Ela parecer novela das oito
Ela ia ter cachorros mais bonitos e cheirosos do que ela
Ela ia querer tem um marido ou mulher bonitos
Ela ia poder ter sete carros
e virar a personagem de um livro ruim.

Derretendo

Ela ia se casar com o primeiro menino que beijou.
Ela ia fazer sexo somente depois do casamento.
Ela ia morar sozinha com 19 anos.
Ela ia adotar uma criança.
Ela ia morar em outro pais.
Ela ia conseguir viver fazendo teatro, e não precisar de outro sustento.
Ela ia comer frutas no café da manhã.
Ela ia virar vegetariana.
Ela ia dizer mais o que pensa.
Ela ia perder o medo de dizer bobagens em público.
Ela ia dizer bobagens em público.
Ela ia parar de magoar as pessoas que a amam.
Ela ia economizar energia.
Ela ia viver no campo.
Ela ia ter uma biblioteca imensa dentro de casa.
Ela ia ser menos controlada.
Ela ia parar de gaguejar quando fala com ele.
Ela ia parar de suar quando ele se aproxima.
Ela ia saber andar na moda.
Ela ia parar de escrever coisas bregas.
Ela ia lembrar de tomar o remédio todos os dias às 19:30 h.
Ela ia parar comunicar todos os seus passos.
Ela ia se afastar de quem a sofrer.
Ela ia ser outra.

Para não dizer que eu não dei valor aos morangos:




chorando.

OLHA,

se no caminho de volta você se perdeu, sinto dizer, o problema é seu. é seu problema de nunca compreender o que eu digo. é seu o problema de se fixar em rimas e palavras fáceis, insistindo em poemas que já não fazem mais o menor sentido. eu queria que, pelo menos uma vez, você percebesse que quando peço para que parta, na verdade, eu desejo que você pegue este mesmo cavalo e dispare contra o tempo dentro de mim. eu queria que você jogasse fora os morangos mofados, cansados de sangrar este amor que não mais nos nutre. eu queria que você pegasse todo o sentimento que um dia sentiu por mim e o jogasse fora, como lixo. traduzo: quando digo isso, estou dizendo: sofro por ti, volte a me amar, liga pra mim não, não liga pra ele. agora todas as nossas conversas vão precisar de um intérpreti. o nosso amor é de oscar e o prêmio nunca vai para ninguém. não tem vestido com volume, não tem lamê nem costurinha. tem tecido cru, corte reto, saia lápis sedução e cansaço. tem linha agulha costureira velha máquina tramanda tremedeira. nosso amor é de circo de palhaço sem grandes números. é de feira sem morango. só caqui melão laranja e maçã. nosso amor é coisa simples e, por isso pensei que você fosse capaz de compreendê-lo. decifrá-lo. mas não.




derretendo.

Eu queria

ser sua felicidade, seu amor e seu sexo. Eu queria que você não mofasse enquanto me olha. Eu queria ser outra, porém igual à mim mesma. Eu podia cavalgar com você no colo, eu podia partir para que você pudesse ficar. Eu queria aquela sua voz doce e rouca que se perdeu, não lembro quando. Eu procuraria sua voz de novo, se isso não me fizesse mofar. Eu tentaria lembrar, e reviver, nossas onomatopéias todas, se não fosse a falta de sentir falta de nós. Eu podia, e queria, não ter me perdido, de nós, no caminhode volta.

Agradecendo.

EU QUERIA

que vc pegasse o seu amor, a sua felicidade e o seu sexo e subisse em cima deles e cavalgasse para BEM longe de MIM.













agradecido.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Meu passado é um morango não mais vermelho na geladeira.

As vezes tenho medo de não conseguir, sou um morango não mais vermelho coberto pelo mofo na geladeira. Se eu pegar o telefone mais uma vez eu vou ligar, mas eu não posso! Eu não posso! Preciso viver o novo, mesmo que o novo não esteja presente, mesmo que o novo seja tão novo que não compreenda a minha alma como o meu passado compreende. Meu passado vê beleza na minha poesia, mas eu joguei fora junto com os morango vencidos. Meu passado não tem validade, meu passado está em tudo que eu vejo deixando um gosto desagradável no novo, foi o líquido vermelho que invadiu a casa e deixou esse gosto. Eu estou podre, vencida e mofada dentro da geladeira. Estou chorando agora, chorando enquanto escrevo. Sinto-me um cocô!

Sobre nós, morangos.

Ontem eu abri a geladeira e eles estavam lá. Lá. Eles. Não mais vermelhos, e, sim , cobertos pelo mofo. Com um cheiro azedo, de podre, de comida enlatada fora da validade. Lá. Eles. Nós. Fora da validade, tentando dizer algo sem nos deixarrmos ouvir. Roçando-se com as gosmas nojentas esbranquiçadas, um ao lado do outro, os morangos, ferindo-se. Um corroendo o outro, nós nos machucando, nos modificando. Arrancando alguns pedaços e deixando um liquido vermelho, feito suco, sujar todo resto da casa, da geladeira. Ontem eu fechei a geladeira e tentei fazer-nos durar mais um pouco.

meu passado me dena



domingo, 14 de março de 2010

Meu passado me apressa.

Nesse tempo as paredes eram mais leves. A gente brincava de inventar todo dia uma nova maneira de mudar as coisas. Estão todos juntos na foto, mas haviam muitos grupinhos e fragmentações. A foto em si já expõe uma falta pois a turma não está completa. Não consigo lembrar o nome de um menino e isso me violenta. Me violenta o fato de não ter mais a bolsinha de moedas que usava pendurada na cintura. Me violenta pensar nessas pessoas, nos que estão fazendo nesse momento. Eu olho para essa foto e tenho a necessidade de correr.

meu passado me ordenha

disse a vaca ao saber que a partir daquele dia, seus leites seriam dispensados.

perguntou ao querido boi, seu macho.

o que fazer?

se vira.

a culpa é de quem?

da soja.

quem é soja?

uma piranha qualquer.

e eu não sou melhor?

você?

sim. não sou?

entre você e um corrimão, eu prefiro o corrimão, porque ele não tem sentimentos.

como?

come.

e comeu o resto de grama que havia para comer.

ofendida, ainda, com a grama reluzindo na dentição, perguntou ao macho.

o que é que ela tem que eu não tenho?

ela quem, mulher?

a soja.

o que é que ela tem que você não tem?

sim. pois diga.

bom, o que ela tem eu não sei. mas o que você tem que ela não tem eu saberia dizer.

e o que é? perguntou sorrindo por dentro. pré-orgulhosa.

colesterol. e gordura.

escroto.

você disse alguma coisa?

não.

fique tranquila. um dia, quem sabe, serás uma vaca mecânica.

nem que a Vaca tussa.

quem?

a Vaca. a grande Vaca nossa Deusa Musa.

que que tem?

nem que ela tussa.

ela está gripada?

aff.

que foi?

eu sou vaca orgânica. não mecânica. essa onda de soja não vai pegar.

é. só que pelo o seu leite é que não vão mais pagar.

e morreu pobre, usada e com as tetas machucadas. de tanto ser sugada, chupada, volvida e molestada.

quarta-feira, 10 de março de 2010

O casulo não mora ao lado.

eu queria abrir meu casulo, mas não o posso fazer. na verdade, não tenho mais um casulo. eu perdi o meu espaço assim que precisei deixar de regá-lo por alguns dias durante a semana. eu perdi meu espaço quando atravessei a ponte no sentido niterói-rio e tudo tranformou-se em definitivo. vim passar meus dias em um apartamento em copacabana, bairro que eu amo e sempre desejei morar. esse apartamento não é meu e as coisas que nele estão posicionadas também pouco dizem de mim. sinto-me bem lá, mas não satisfeito. não fui eu quem escolheu as cores, os móveis e todo o resto. sou amado, compreendido, conversado e interessado. lá aprendi a me preocupar mais com a minha saúde, a ter regras, a conviver com pessoas que são pessoas e se magoam mesmo com a falta de um telefonema. lá aprendi a lavar os pratos, a ter horas para fazer as coisas, a pagar algumas contas, a ir ao banco, a marcar meus médicos e até fazer uns supermercados. amadureci. foi e ainda é um tempo bom. do meu casulo de copa gosto das janelas, do vento forte que passa por lá durante a noite. gosto dos cigarros sempre acesos, da janta quentinha, da farofa com passas, das intermináveis conversas sobre jung, sobre a criança interior, sobre filmes, livros e novelas. gosto do amor que aprendi a cultivar, da maneira em que me sinto querido. a gente em copa é feliz. por outro lado, o coração de copa não permite furos. não permite muitas saídas e, ás vezes, não compreende o tempo dos jovens, o meu tempo. ás vezes não compreende a noite e a bebedeira que não tem e nem deve ter hora para acabar. por esses motivosfui ganhando alguns outros casulos... o primeiro deles foi na urca, mas já passei também por botafogo, largo do machado, vila isabel e outros lugrares. tudo isso pede sempre mochilas, roupa lavada, livros, um peso danado para transportar. um cansaço que é mais intelectual do que físico. o tempo passou e ainda passa e a necessidade de ter um casulo só meu cresce. mas para se ter um casulo é preciso ter dinheiro para sustentá-lo. não o tenho. então parece que vou vivendo assim...com tudo empacotado, tudo em caixas para abrir quando o meu casulo chegar. uma amiga fez a proposta de morarmos juntos em sua casa nova. mas ainda não sei. não sei se seria o casulo ideal, quer dizer, eu não acredito em coisas ideais. mas no momento o que posso dizer sobre isso é que não sei. tenho vontade, estou pensando. o tempo vai dizer as coisas. no mais, tenho dois casulos grandes e alguns pequenos e as caixas. a maior parte das coisas que trouxe de buenos aires não cabem em nenhum desses casulos. talvez , a viagem tenha também contribuido para o aumento desta minha necessidade. quando disse, outro dia, que me faltavam paredes era sobre isso que estava falando. não era poesia nem muito menos uma brincadeira com as palavras. era um fato - cruel e concreto. tenho dois quadros lindos, quatro série de fotografias, alguns posters, mas não tenho onde pendurá-los. acho que vou começar comprando o que posso: prego, martelo e moldura.

meu passado me coordena.

 

foto7

e viva a sociedade do

inspetáculo.

pacto

 

antes de cada refeição (café, almoço e janta) eu preciso perfurar um dos meus dedos das mãos para retirar uma gota de sangue que quando colocada em contato com uma fitinha num aparelho para medir glicemia, em 5 segundos informa a taxa de açúcar no meu sangue.

se estiver < 140 eu não preciso furar a minha barriga para aplicar insulina. se estiver de 141 a 170, eu preciso furar a minha barriga para tomar apenas 1 unidade de insulina. e assim segue, por exemplo, se a taxa estiver maior > 321, eu preciso tomar 7 unidades da insulina (ela age super rápido e queima todo o açúcar, me fazendo sempre passar mal. ter hipoglicemia. observem:

controle  de glicemia        
mês : fevereiro / março    
segunda terça quarta quinta sexta sábado domingo
   
24/fev
160 + 1u
243 + 4u
77
25/fev
102
35
269 + 5u
26/fev
337 + 7u
210 + 3u
136
27/fev
226 + 3u
229 + 3u
227 + 3u
28/fev
54
156 + 1u
190 + 2u
1/mar
107
283 + 5u
149 + 1u
2/mar
256 + 4u
< 20
89
3/mar
300 + 6u
50
44
4/mar
211 + 3u
185 + 2u
176 + 2u
5/mar
208 + 3u
198 + 2u
25/mar
6/mar
249 + 4u
58
161 + 1u
7/mar
236 + 4u
69
187 + 2u
8/mar
135
103
68
         

imag-inem

porque eu emprestei minha câmera fotográfica e não tenho como abrir meu casulo a vocês. eu vou tentar por palavras. mas as cores as formas as fotos capturam com tanto mais graça. enfim. eu estou nu sentado à cadeira. está quente. mas se eu tirar o ventilador de cima do roteador a minha internet cai. então. eu prefiro sentir calor on-line. do que ficar frio numa ilha. meu quarto. as paredes estão escritas. coisas de adolescente. mesmo eu tendo vindo morar aqui já depois dos 20. eu tenho 22 anos. numa parede tem um trecho de um livro do blanchot. ele fala da impossibilidade de não ver característica dos artistas. na outra tem um poema sincero-mórbido do drummond chamado liberdade. na outra tem uma carta de suicídio que eu escrevi uma vez. não porque queria me matar. mas porque queria escrever uma carta de suicídio e imaginar como eu me despediria do mundo e de todas as coisas que eu amo. eu tive uma repentina vontade de chorar. agora. ouço alicia keys, o primeiro cd. porque. eu não sei. na verdade abri o winamp e o cd já tocou três vezes. na parede da janela não há nada escrito. porque a janela escreve melhor pelas imagens. é meu televisor preferido. na parede na qual há meu poema há também fernando pessoa que escreveu para mim, no dia do meu aniversário, um poema chamado aniversário. 15 de outubro de 1929. eu me emociono com coisas assim. eu estou amando gente e a coisa tá complexa aqui. bebi meia garrafa de vinho saint german merlot, nacional. sabe que nem é tão ruim? como não havia mais nenhum chileno. eu aprendi a gostar do que não gosto. comi um saco de pães de queijo, mas fui esperto. cortei todos eles e fiz o milagre da multiplicação. meu corpo dói. o colchão não está sobre a cama. nós dormimos ontem no chão da sala. porque estava calor e meu quarto se chama forno. sequer de microondas. enfim. os dois colchões sobre o chão da sala. eu vou dormir hoje lá. com a diferença de que dormirei acompanhado desta vez pela minha solidão. eu a amo. porque eu estou dizendo tudo isso. é essa uma violência que eu gosto. estou móido. vou sair. caso não, vou chorar. e depois eu seco. eu tô chorando na verdade para me fazer valer. e poder no espelho olhar essa cara e dizer a mim mesmo: isso faz parte do acontecimento. da vida. se debata. se debata. é assim mesmo, rapaz. é assim mesmo. vou dançar antes de dormir. luz da sala apagada. vindo luminosidade pela janela de qualquer estrela ou qualquer outra casa. vou dançar e dormir nu, feliz, desesperadamente cansado.


tomar insulina. beber um copo de leite desnatado.
acordo às 05h para estudar.


bjos,
diogo

Dentro das 4 paredes - parte III










A última gaveta da mesa.

Álbum de Família

Aniversário da minha irmã.
Não lembro quantos anos ela fez, não lembro dos presentes que ela ganhou, não lembro da comemoração, não lembro do bolo, não lembro das velas, não lembro de cantar parabéns, não lembro... essa foto é tudo o que eu tenho.


sábado, 6 de março de 2010

alguém ia dizer mentira e se calou...

          
... mas o blogger no meu blog me alertou e disse,
alguém postou em violenta uma postagem chamada 
ARTE a gente já sabe fazer... - "Para o governo que disponibiliza algumas formas de incentivo, a *guerra pelos* ** ** *editais* deve parecer natural, satisfatória. Mas até na competição ...
 
era mentira?
era verdade?
era?
ira,,,