quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

a lentidão através da qual as coisas

me violenta saber o que eu sei.
me violenta saber que eu sei.
me violenta saber que eu não sei.
me violenta saber que eu não.
me violenta todo o conhecimento.
me violenta ralar a pele no chão.
me violenta esta pilha de livros.
me violenta o vento quando vira furacão.
me violenta a água acabando.
me violenta a barba sem fim crescendo.
me violenta o seu desapego.
me violenta o meu fácil envolvimento.
me violenta a dureza destas teclas.
me violenta rock muito barulhento.
me violenta o tropicalismo, o caetano, a bethânia e todo esse deslumbramento.
me violenta o deslumbramento.
me violenta ver borboletas mortas.
me violenta o que vou fazer daqui a alguns minutos.
me violenta a fome.
me violenta a lentidão através da qual as coisas todas me violentam.

Um comentário:

Isadora Malta disse...

me violenta você ai, parado. Sentindo uma dor que não é só sua.