domingo, 21 de fevereiro de 2010

discusão de um domingo

Ela fala duas palavras que não deviam ser ditas. Ele escuta, não respira e sai. Xinga. Erro número 4. Sai e ela vai atrás. Ele entra no elevador e ela segura a porta. Entra também. Pede desculpas. Ele não escuta. Já não pode escutar nada mais. Ele grita de novo e fala com os olhos cegos: "não fala mais comigo, eu quero que você fale cada vez menos comigo". Ela escuta com os ouvidos sensibilizados. Isso não existe, ela sabe que ele está louco. Vai tentar entender mais uma vez, mas daqui a alguns minutos vai desistir. Eles chegam ao térreo. O vento passa e eles não sentem. Ele sai e ela vai atrás. Atravessam a rua. Sorte de não serem atropelados. Ela pede desculpas de novo(pela grosseria), mas diz que vai continuar tendo esse tipo de postura. Pra ela é direito dela. É seu espaço. Ela gosta de lutar por ele. Ele acredita que ela já tem o bastante. Não entende que o espaço não pode ser só no coração e tem que ser na casa também. Tem que ser entre eles. Isso é o que ela fala. Ele grita mais. Xinga de novo, manda ela calar a boca. Ela fala que não vai ficar ouvindo as grosseiras dele. Atravessa, quase é atropelada. Ele vai atrás. Ela entra no elevador, percebe que não tem jeito e segura a porta pra ele. O elevador sobe, ele abre a porta de casa gritando, falando mil coisas impossíveis de serem escutadas. Ela cansou, entra em casa e joga a bolsa no chão com toda a força que estava guardando. Ele coloca o dedo na cara dela. Mexe nos móveis. Ameaça bate-la. Ela nesse momento pára como quem fala: bate. Ele surpreendentemente desiste. Fraco. Ela, fraca, pega a bolsa e atravessa a sala, o corredor e sai pelos fundos. Tranca a porta, quando ela estava no primeiro degrau da escada ele abre a porta. Antes que ele grite: "Isadora, volta aqui!" ela esta parada, segura a bolsa, vira e encara ele e seus olhos de monstro. Eles entram. Ela chora. Seus corpos não aguentarão mais tempo. Alguém tenta salvar. Falta de sensibilidade e ignorância. Ele sai. Ela chora em soluços. Ele volta. eles tentam perceber o amor que existe e ela chora ainda mais pois sabe que está ali. Ele sofre, tenta se acalmar. Isso é difícil pra ele. Isso é difícil pra eles. É sempre difícil, sejamos mais pacientes. Tudo passa. E volta. Vou seguir o conselho brilhante que ouvi e "engolir meus sapos".

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