quinta-feira, 14 de outubro de 2010

doce

Lar,
onde estão os doces da casa? Abri a geladeira e não encontrei nada. Sim, eu sei. Ele não pode com doces, mas eu necessito. Onde está nossa doçura de ontem? Eu não sinto mais dor. Vocês não mais batem à porta do meu quarto para interromper minhas meditações. Quero mais interrupções. Sempre reclamei, mas sinto falta dela falando da minha falta de amor e do meu medo de qualquer coisa.  Ninguém abriu a janela e eu estou alérgica aqui. Não posso abrir a janela?  Alguém me dê um limite. A louça está acumulada. A cozinha está nojenta. As estantes. Bom, essa discussão ja tivemos. Mas ninguém varreu o chão desde que elas cairam. E estão lá. No chão. Com tudo que estavam sustentando. Tudo no chão.  Estou pensando em comprar um bichinho outro. Queriamos o coelho, sim. Mas ele não volta, você precisa entender isso. Alguém deixou cair e fim. Quando as coisas caem elas simplesmente caem e partem. Pelo menos penso assim para conseguir esquecer o fucinho dele. Era bonito né? Era essencial. Vou comprar chocolates para todos, alguns diets, claro. Alguns doloridos, claro. Alguns anti-alergicos, claro. Alguns com saudade, claro. Alguns com abraços, claro. Alguns palavras, claro.  Vou encher a geladeira. Mas, por favor,  alguém lave a louça.

3 comentários:

diogo disse...

me desculpem, eu dei o pote de nutella para a flávia. acho ele um pretexto falso para nos termos ao redor da mesa.

Dominique Arantes disse...

pelo menos é um pretexto.

Anônimo disse...

era um pretexto. eu estou cansado deles.