A ficha demorou a cair. E como se isso não bastasse, ainda continua a cair lentamente. Feito lágrima que persiste a face da gente e vai marcando pela umidade aquele espanto, aquela atrocidade. Mais uma vez hoje eu choro porque não tive forças para dizer FICA! Choro porque eu não choro e acho que se assim eu fizesse de imediato alguma coisa se resolveria. Mas não. Meu olhar fica embriagado, as mãos se comovem mas no fundo, eu não choro, eu sobro. Eu me embargo, mas fico, resisto, eu luto, VIOLENTA, VAI! Eu choro hoje porque aconteceu de novo e com outro alguém. Eu choro porque pedi que vocês se encontrassem aí onde a gente sequer sabe dizer se existe ou não se é melhor ou não do que esta realidade aqui. Eu choro em silêncio porque o barulho é dentro. Eu preciso calar para te escutar. Eu preciso fechar os olhos e cruzar os braços, recostar a cabeça, para lembrar da cor da sua pele, dos seus cabelos, lembrar dos seus disparates, de tudo em você que eu amava ou não. Eu me esforço e vem um papel no meio do quarto com um dizer seu. Qualquer coisa então pinça em mim uma draga, que arrasta, que me devolve a você. Você quer minha companhia? Eu posso dormir ao seu lado, vem até mim. Deita aqui, não é poesia. É desespero é dor que não se classifica. Você aceita minha ajuda agora? Você aceita um perdão sem sentido? Eu te recebo. É sério, invade esse quarto, é quase manhã, deita aqui comigo. Eu vou te fazer um café, vamos juntos fumar um cigarro, a gente vai conversar sobre o que Sartre e Camus em nos fez nascer. Eu vou te ouvir, eu vou te estender as mãos e vou te pedir em silêncio, baixinho, fica, Dória. Fica um pouco mais. Então eu vou fechar os olhos. Então eu vou deixar correr. Eu sei que você está aqui, mas eu te peço - ainda assim - não custa nada aparecer. Nervosa, irascível, doce, sem pudor. Aparece aos pedaços eu sei de cor da sua cor, da sua rima, do seu sorriso. Aparece um bocadinho. Por mim, porque às vezes - nem sempre - mas às vezes, é você um pouco o que eu preciso. Pode precisar de mim. Pode precisar.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Eu choro porque...
A ficha demorou a cair. E como se isso não bastasse, ainda continua a cair lentamente. Feito lágrima que persiste a face da gente e vai marcando pela umidade aquele espanto, aquela atrocidade. Mais uma vez hoje eu choro porque não tive forças para dizer FICA! Choro porque eu não choro e acho que se assim eu fizesse de imediato alguma coisa se resolveria. Mas não. Meu olhar fica embriagado, as mãos se comovem mas no fundo, eu não choro, eu sobro. Eu me embargo, mas fico, resisto, eu luto, VIOLENTA, VAI! Eu choro hoje porque aconteceu de novo e com outro alguém. Eu choro porque pedi que vocês se encontrassem aí onde a gente sequer sabe dizer se existe ou não se é melhor ou não do que esta realidade aqui. Eu choro em silêncio porque o barulho é dentro. Eu preciso calar para te escutar. Eu preciso fechar os olhos e cruzar os braços, recostar a cabeça, para lembrar da cor da sua pele, dos seus cabelos, lembrar dos seus disparates, de tudo em você que eu amava ou não. Eu me esforço e vem um papel no meio do quarto com um dizer seu. Qualquer coisa então pinça em mim uma draga, que arrasta, que me devolve a você. Você quer minha companhia? Eu posso dormir ao seu lado, vem até mim. Deita aqui, não é poesia. É desespero é dor que não se classifica. Você aceita minha ajuda agora? Você aceita um perdão sem sentido? Eu te recebo. É sério, invade esse quarto, é quase manhã, deita aqui comigo. Eu vou te fazer um café, vamos juntos fumar um cigarro, a gente vai conversar sobre o que Sartre e Camus em nos fez nascer. Eu vou te ouvir, eu vou te estender as mãos e vou te pedir em silêncio, baixinho, fica, Dória. Fica um pouco mais. Então eu vou fechar os olhos. Então eu vou deixar correr. Eu sei que você está aqui, mas eu te peço - ainda assim - não custa nada aparecer. Nervosa, irascível, doce, sem pudor. Aparece aos pedaços eu sei de cor da sua cor, da sua rima, do seu sorriso. Aparece um bocadinho. Por mim, porque às vezes - nem sempre - mas às vezes, é você um pouco o que eu preciso. Pode precisar de mim. Pode precisar.
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3 comentários:
Lindo. Me lembrou Caio Fernando Abreu.
pode precisar da gente, pode precisar.
pode chorar também? é lindo aqui, é lindo.
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