quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
vem e
vem, vem, eu te peço, vem que eu cansei de pensar você aqui, ao meu lado. eu sequer pedi vem, por isso agora aqui eu peço, vem. eu estou falando há horas, comigo mesmo, com um amigo. minhas paredes estão escritas, poemas de morte, poemas de liberdade, não, não vou escrever sobre amor porque já está claro. está turvo de tão claro o quanto eu preciso disso, dessa doença, maldita maladie. pára de se mover para o lado errado e se move sobre mim. me move ao seu encontro assegurando-o em nosso abraço. onde você está que eu não acho? onde está você que me faz agora estar aqui parado, sofrendo, lamentando o nosso encontro inexequível? olhe para mim quando formos nos encontrar e entenda tudo o que há semanas venho escrevendo. eu não quero me explicar. eu quero te beijar, agora e em outros momentos. grita comigo pedindo a eternidade dos segundos juntos compartilhados. você vai me reconhecer quando eu passar por você. porque eu vou parar e gritar vem. coloque as mãos em minha boca. ela ainda é uma. só. e se gostares de me ver chorando, nem saberei, porque o choro não sai. não tem isso, eu não estou sofrendo eu estou querendo tudo isso. você me levou para comprar cerveja e cigarro. eu não bebo nem posso fumar, mas agora só - repito o só - bebo e fumo como se isso fosse me dar sua presença que não vem. o que não é possível é a única possibilidade concreta. vem, marca comigo, eu não vou faltar. vou aparar a barba, como as senhoras moças de época, vou me aprumar. me aprontar. me mirar no espelho e conferir se é mesmo possível me desejar. vem comigo. vem porque eu estou indo. sem fundo sem fim sem princípio. vem porque eu não consigo prever quando vou te esquecer. vem porque os subterfúgios todos falharam e eu continuo aqui silenciando esse vem que não vem porque é você. me chama de lindo, de diego, do que for, mas chama. vem. clama. chama. chama. eu não vou tomar mais insulina. eu vou continuar durando, feito pilha, enervando, por isso vem e apazigua esse suor. bebe ele. faz nele cama e vem. vem ver a foto que eu tirei de você. eu tirei uma foto da sua foto que achei na internet. não é triste? é bom, me apetece. assim, com a precisão destas palavras. vem. deixa eu te olhar deixa, vem. me machuca com a concretude do teu pouso. não ouse, apenas venha e deite sobre mim sua relva.vem e cola. vem e chora. de tanto me fazer amar.
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