treinamento do dia - 02 de junho
o que ficou disso tudo? talvez mesmo fique a lembrança dos movimentos. eu posso andar em linha reta ereto eterno em sua direção (você é a porta branca amarelada) e seguir dizendo violenta violenta violenta violenta violenta então violenta violenta eu quero ver violente vem violenta furando a homogeneidade com um verbo outro que não seja o violentar, por isso mesmo, com um verbo outro que possa acariciar.
a violência estética. a violência é ética. a violência concreta do corpo que se auto abdomeniza e dói profunda e sua do verbo suar sua constantemente sem parar a dor lá dentro vindo para ser convertida recebida sob forma do grito descontido.
eu acho que as pessoas se violentam porque um homem com uma dor é muito mais elegante. eu preciso poder dizer que está foda tô trabalhando demais sabia que semana passada acordei no hospital. isso é desculpa subterfúgio - pode nem ser - mas eu dissimulo e sofro muito diante de você. as pessoas se vitimizam. essa é a maior conclusão (conclusões são sempre precipitadas).
eu sigo. o cinzeiro parado no centro da sala me olha por inteiro. estou exposto, eu sei, cada vez mais, não ligo, nesse estado de quem apanha não há nada secreto exceto o íntimo. por isso eu me digo e posso querer por uns segundos quem sabe calar. quem é você para me desvendar? para não detonar o jogo eu te olho - olho-o todo - e sigo dizendo pelas pupilas o que minha boca (ensanguentada) é incapaz de dizer. porque talvez dar forma seja o mesmo que matar fazer morrer.
eu persisto no caminho traçado. tenho um objetivo, uma raia, uma rede - possível de se arrebentar. eu arrebento eu irrompo eu giro eu não sou apenas eu eu tenho em mim outros, outras mulheres que não eu somente outros homens que não sou esse, indigente. eu tento eu percebo que se ela cai eu devo te olhar mas te olho porque?
porque no meio do caminho tinha uma gentileza. tinha uma pedra no meio do meu choro porque eu choro eu choro porque eu choro? perguntas são palíndromos? certas perguntas são elas mesmas respostas. certos enigmas persistem e viram enigmas-obras.
não posso te desvelar por inteiro. não consigo. isso seria o mesmo que te violentar. e quem dera o sangue fosse o nosso problema o nosso indício de que - sim - passamos do limite.
falar do que me violenta, percebo agora, é uma maneira genuína de hidratar a pele ao horror do dia-a-dia. é o mesmo que acostumar os pêlos ao seu sobreerguer, ser em sobresaltos. comprende, amado? falar sobre o que me violenta me ajuda a ser mais forte, a criar antídotos, mas não me ajuda a resignar. porque é no gesto da voz que eu abro os poros e nunca cicatrizo o suficiente para resignar-me pleno. nunca o suficiente para sentir-me completo,
já que tudo que se completa, deseja morrer.
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o que ficou disso tudo? talvez mesmo fique a lembrança dos movimentos. eu posso andar em linha reta ereto eterno em sua direção (você é a porta branca amarelada) e seguir dizendo violenta violenta violenta violenta violenta então violenta violenta eu quero ver violente vem violenta furando a homogeneidade com um verbo outro que não seja o violentar, por isso mesmo, com um verbo outro que possa acariciar.
a violência estética. a violência é ética. a violência concreta do corpo que se auto abdomeniza e dói profunda e sua do verbo suar sua constantemente sem parar a dor lá dentro vindo para ser convertida recebida sob forma do grito descontido.
eu acho que as pessoas se violentam porque um homem com uma dor é muito mais elegante. eu preciso poder dizer que está foda tô trabalhando demais sabia que semana passada acordei no hospital. isso é desculpa subterfúgio - pode nem ser - mas eu dissimulo e sofro muito diante de você. as pessoas se vitimizam. essa é a maior conclusão (conclusões são sempre precipitadas).
eu sigo. o cinzeiro parado no centro da sala me olha por inteiro. estou exposto, eu sei, cada vez mais, não ligo, nesse estado de quem apanha não há nada secreto exceto o íntimo. por isso eu me digo e posso querer por uns segundos quem sabe calar. quem é você para me desvendar? para não detonar o jogo eu te olho - olho-o todo - e sigo dizendo pelas pupilas o que minha boca (ensanguentada) é incapaz de dizer. porque talvez dar forma seja o mesmo que matar fazer morrer.
eu persisto no caminho traçado. tenho um objetivo, uma raia, uma rede - possível de se arrebentar. eu arrebento eu irrompo eu giro eu não sou apenas eu eu tenho em mim outros, outras mulheres que não eu somente outros homens que não sou esse, indigente. eu tento eu percebo que se ela cai eu devo te olhar mas te olho porque?
porque no meio do caminho tinha uma gentileza. tinha uma pedra no meio do meu choro porque eu choro eu choro porque eu choro? perguntas são palíndromos? certas perguntas são elas mesmas respostas. certos enigmas persistem e viram enigmas-obras.
não posso te desvelar por inteiro. não consigo. isso seria o mesmo que te violentar. e quem dera o sangue fosse o nosso problema o nosso indício de que - sim - passamos do limite.
falar do que me violenta, percebo agora, é uma maneira genuína de hidratar a pele ao horror do dia-a-dia. é o mesmo que acostumar os pêlos ao seu sobreerguer, ser em sobresaltos. comprende, amado? falar sobre o que me violenta me ajuda a ser mais forte, a criar antídotos, mas não me ajuda a resignar. porque é no gesto da voz que eu abro os poros e nunca cicatrizo o suficiente para resignar-me pleno. nunca o suficiente para sentir-me completo,
já que tudo que se completa, deseja morrer.
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