domingo, 20 de setembro de 2009

Manifesto sobre a Violência

Eu me violento

Tu me violentas

Sobre a violência o que fica é essa pendência

Do saber que a dor minha é sempre maior em você

Do saber que sou eu quem te fere além do que tu possas prever

Está comigo está guardado

A violência é um presente que te corrige de fato

Toda vez que tu desvias as ruas para não me cumprimentar

Eu começo a usar a violência para sustentar este corpo

Eu começo a usar o corpo para sustentar esta violência

Que diz respeito somente a minha incapacidade de amar


Violência e amor num mesmo gesto

Um é a impossibilidade do outro de ser algo assim tão

Direto

Algo assim tão explicado

Algo assim tão concreto


Violência e amor num só feto

Resta administrar pela pele

A avalanche de sentidos.


Sem o encontro, não pode haver confronto.

Primeiro união, depois desenlace.

Primeiro há construção, depois sua quebra.


Quanto mais se ama mais se mata.

Primeiro nos amamos, depois, nos morremos.

Sábado, 20 de Junho de 2009
fonte: http://lendoarvoreseescrevendofilhos.blogspot.com/2009/06/manifesto-sobre-violencia.html

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