domingo, 7 de fevereiro de 2010
Da voz de meu tribunal.
Meninos para um lado e Meninas para o outro. O pai dele é surfista. Quando pequeno, por orgulho, amor ou simples admiração tinha também os cabelos grandes, que eram loiros, assim como o pai. Era bonito ser criança ao lado daquele homem. Ir passear na praia com ele, mesmo não vendo muita graça na graça das ondas quando quebram bem forte. O pai dele é surfista. Foi o pai mesmo quem o matriculou na escola, o levou e buscou no primeiro dia de aula. Mas este mesmo pai não notou que o filho que viu adentrar os portões do colégio novo, não foi o mesmo que saiu deles. Era legal ser filho daquele homem, compreender seu estilo de vida, buscar imitar. Acontece que na convivência escolar "estilos de vida e/ou aparência" não são tolerados, copreendidos, vistos e estudados. Aprende-se tudo. Só não se aprende a olhar com atenção para o outro. É que o filho, homem, sexo masculino adentrou os portões da escola e deles saiu menina. Foi a tia quem separou a turma. Para facilitar as apresentações para os colegas, disse, a tia. E no meio desta ação, ele, filho dé pai surfista, cabelo grande e loiro foi parar no lado outro e não no lado um. Ficou sem lado. Envergonhado. A tia não foi capaz de observar que atrás daquela enorme e bela crina existia um meninO e não uma meninA. Ele se apresentou como tal. Ou qual. Acharam divertido uma meninA chamar João. Acharam "estrangeiro' uma meninA chamar Jorge, Jóse, Matheus, Paulo e Antônio Lucas. Acharam, pois esses nomes não costumam ser dados as meninas. Pois é, não costumam. Mas a tia não reparou. Cometeu um erro. Afinal, todos erram? O filho de pai surfista entrou no carro sem dar uma nota e assim foi durante todo o caminho de casa. Talvez, mais tarde, tenha conversado com a mãe. Dizem que as filhas meninas tem mais afinidade com as mães. Essa, deve ser mais uma verdade de alguma tia. Penso no menino, que feito de menina não soube o que fazer. De repente, o que era mantido para orgulho de seu pai o transformou por inteiro. Eu não sei como julgam as tias em nosso país. Mas dentro de minhas convicções, perto de meu coração e certeza: em meus escritos ela será para sempre culpada.
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