são 03:24hs da manhã do dia 21 de agosto,
não consigo parar de criar caso sobre o que me aconteceu no final do dia 20. Já estou um pouco mais tranquila e achei que deveria ir um pouco mais direto ao ponto, assim me exponho um pouco mais também. Estou com a sensação de estar me expondo pouco e isso não potencializa nosso trabalho de criação em relação a vivência dos acontecimentos, mas se "crio" caso é porque senti necessidade, de jogar um pouco com o acontecido e de fazer crescer outras possibilidades ao entorno, formas diferentes de se falar sobre o mesmo assunto.
Bom, o que vem ao caso é que ontem, a algumas horas atrás, no curso onde estudo teatro e pretendo me formar como diretora teatral, o curso de artes cênicas de habilitação em direção teatral da UFRJ, sofri uma tentativa de boicote ao meu espaço pessoal/coletivo de criação. Quer dizer, nós sofremos, afinal, a regra vale para todos e nesse caso mais ainda para as pessoas com quem estou de mãos dadas construindo e criando. Mas sofremos não só nós criadores, como também aqueles que nos proporcionam nosso fazer criativo e dependem delas. Foi em nome da busca por se fazer teatro que proibiram ele de acontecer, ou pelo menos tentaram, já que não foi possível fazer valer a nossa regra de boicote, tema de hoje, nem rejeitá-la.
Tenho infinitas críticas e argumentos contra essa regra, mas gostaria de colocar aqui aqueles que mais saltam aos olhos e tornam a violência um pouco mais perceptiva para os corpos movidos pelo movimento criativo de um projeto artístico em processo.
A primeira delas é como essa regra de fato fere o meu espaço individual de criação ultrapassando o âmbito da sala de ensaio do projeto em questão, referente a matéria de "direção V". Ela não diz respeito a NENHUM pilar de "formatação" de uma sala de ensaio nos moldes desejados para um primeiro exercício, ou pra qualquer "exercício" acadêmico. A regra simplesmente ultrapassa o âmbito das minhas obrigações como aluna da matéria referente. O que eu faço ou deixo de fazer fora do "espaço" da matéria e a maneira como eu articulo meus fazeres e afazeres dizem apenas respeito a mim, maior de idade e vacinada, principalmente contra grandes ingenuidades em relação ao assunto(pelo menos na tentativa). Aliás, "ingênua" é justamente como me sinto sendo taxada quando me é imposta uma regra tão imperativa e invaziva como a que falo aqui. Ingênua, alguém que não pensou sobre o que faz, não articula suas idéias e propostas, não tem propostas e tomou decisões aleatórias.
Outra crítica é como podem, propor o fazer teatral e impedí-lo simultâneamente. ???? Como é possível? De onde vem isso???? É algo completamente contraditório. Essa busca por um "teatro puro", um processo criativo o mais livre de crises e interferências exteriores pode ser um estupro para o teatro. Se o objetivo for fazer o melhor possível e assegurar uma criação mais potente, então, não proteja tanto, é o que penso. Desculpe professores, mas o argumento de que essa "regra" não é aleatória e sim matematicamente analisada e pensada não cola pra mim e me uma certa pena, além do medo de ter que trabalhar em um ambiente com essa bandeira e tantas outras levantadas, bandeiras em busca de verdades absolutas. Não que essa "construção racional" seja necessáriamente ruim, mas a valorização disso talvez, pois dessa forma colocamos a intuição em segundo lugar, bloqueando o espaço para o aleatório, não permitindo a crise, a confruência de "compartilhados". Aí não há teatro que se baste. Talvez não haja arte que se basta. Me parece que é justamente nesse compartilhar que a vida ganha novas ressonâncias entre recortes e diferentes formas de expressão.
Não falei até agora do que se trata a regra e não gostaria de falar por agora, pois ela ainda me soa tão absurdamente ilusória, ainda prefiro me reter as circunstâncias e as consequências trazidas, que acredito que devem estar sempre em observação e discussão e o significado disso tudo também não expresso com clareza aqui pois está, em parte, colocado nos dois textos publicados no dia 20.
Bom, por enquanto o que me cabe ainda é a sensação de estar refém e desaltorizada por autoridades aparentemente confusas. Vou continuar esperando e tentando me controlar nessa espera.
Vejo ainda algum resquício de inteligência e sensibilidade por parte de quem está a cima das decisões.
Hoje foi um pouco mais difícil, falei um pouco o que não gostaria de ter falado, entre acusações e julgamentos, mas o amor em alguns momentos impede a cabeça de racionalizar mesmo, aí vem o impulso, a exposição pela intuição, a abertura de novos espaços para o diálogo e a evolução.
Por se falar em evolução, se isso é o que é ambicionado, peço apenas espaço sobre meu tempo.
3 comentários:
Aii essas crises teatrais...
Joga tudo fora aqui pra gente ler.
Tudo bem, mas do que vc estava falando mesmo? Reclama, critíca, mas não mostra ao que veio.. Não é defendida pela ingenuidade que vais encontrar a tão 'desejada' evolução. Outra coisa, buscar intuição na academia?!? Por que não baixa a guardar da prepotência, aprende um pouco, ou simplesmente sai da ufrj e vai buscar outro rumo, ué.
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