estou morrendo de sono. não sei exatamente porque escrevo insônia. quer dizer. não importa. importa saber que certas coisas dentro de casa não estão ajustadas. hoje eu passei o dia quase que inteiro procurando aquela sacola, se lembram? laranja. alaranjada. era forte. resistente. pequena. mas acomodaria os chocolates que comprei para a nossa páscoa. mas como não encontrei a sacola. eu mesmo comi os chocolates. porque além do mais o calor nesta cidade do rio de janeiro de dois milhões de habitantes está insuportável. vocês se lembram? do calor. da sacola. daquele dia? lembram? sorte que bateram foto. sorte que tiraram foto. sorte que nos inscreveram numa eternidade qualquer. olha, ela está aí embaixo:
talvez ela tenha sumido porque não a abraçamos como deveríamos ter feito. aqui em casa o papo é sempre sobre o que deveria. ninguém assume o erro. tudo teria sido possibilidade. quando na verdade, o próprio tudo já se foi e resta a gente, dividido. eu estou cansado. eu tenho fome, mas tenho sono. e vou dormir com o estômago repetindo dentro de mim a estrofe maior: violenta, vai. violenta.
às vezes eu acho que eu nem sei. de nada. do que o meu corpo. está forjando para mim. para si mesmo. medo. medo de ser lacrado. de ser preso. industrializado. e assim, quando menos estiver esperando. ser rompido. devastado. perfurado. comido. compreendem?
é que eu tô me sentindo uma sacola. pequena. desajustada. feia. fora de moda. só que vez ou outra solicitada. ai, que difícil a dor dos objetos.
Um comentário:
desculpa, mas eram muitas coisas para abraçar, muitas sacolas, não consegui. Espero que você entenda e aceite as que sobraram.
obrigada por tudo.
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