quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Eu calei porque...
Rosa, a Estela.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Eu calei porque...
Eu chorei porque...
Rosa, a Estela.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Eu gritei porque...
domingo, 25 de outubro de 2009
eu calei porque...
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Eu calei porque...
Violenta no MoLa 2009 - Mostra Livre de Artes
21h50m - Pacotão videoarte 3:
Título: Violenta entre quatro paredes
Gênero: videoarte
Duração: 6’07’’
Sinopse: O tema se desdobra na abstração de imagens criadas com o objetivo de refletir sobre sensações interiores causadas pelo estado de violência, do pós.
Exibição do produto A.
http://www.circovoador.com.br/mola2009/
http://mola2009.blogspot.com/
terça-feira, 20 de outubro de 2009
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
crítica sobre a performance: Violenta-entre 4 paredes-segunda etapa-interação dos atores com produto A gerando produto B
Uma violência tão pura, que é capaz de surgir dos atos menos impensáveis. Das manifestações mais sinceras de carinho (abraços afetuosos), dos movimentos mais inusitados (auto-agressão), dos pedidos corriqueiros de silêncio (todo o mundo já ouviu um 'psiiiii' inconveniente).
Uma performance jovem, com atores no auge de seu fôlego, no clímax de seus corpos, que mesmo com toda a sua jovialidade já foram, são e serão, como todos nós, violentados.
Palavras, pedidos, histórias que violentam. Tudo na vida pode nos violentar! E a arte da performance sempre violenta nossa vida cotidiana.
Uma performance em processo, processo de amadurecimento, de endurecimento. As imagens primeiras (produto A), se misturaram violentamente, como não poderia deixar de ser, com a performance viva (formando o que será o produto B). Aqueles corpos jovens - violentados por abraços convulsivos, repetições alucianadas, palavras incisivas, silêncios impostos - num ritmo brutal e atual, acentuado pela ausência de trilha sonora, conseguiram interagir e dialogar com um ritmo brutal, mas virtual das imagens primeiras. Em um diálogo íntimo e espotâneo, atores se violentavam e eram violentados acompanhando e reafirmando um processo pelo qual já haviam passado. Vemos então passado e presente que se encontram, em um tempo puro, no tempo da vida, vida que é pura violência.
A performance se completou no "Meio". O meio da performance foi, na verdade, o final dela, pois este "Meio" violentou e matou a própria perfomance. A partir daí, deste ponto no meio do caminho, o ritmo que antes era convulsivo, violento, o tempo que antes era puro passou a ser sincrônico, progessivo. A perfomance que era dura, seca e impessoal se transformou em um teatro cômico e blando, quase um stand-up aonde os atores se individualizavam e competiam pela atenção do público, que já possuiam. Neste momento fui violentada. Me sentei no chão para não ver o fim cômico, quando poderia ser trágico, da performance que me violentava e me dava prazer.
Mas assim como a vida, a arte também nos violenta. O choque foi tamanho, que me levou a escrever esta breve crítica, pois como diria o grande poeta, que sofreu toda uma vida como "tísico profissional": sem choque não existe necessidade nenhuma de crítica. O choque da interrupção abrupta da performance, foi violento como um coito interrompido, como o último pedaço de papel higiênico do rolo, como a última carta que sempre desmorona o castelo. Mesmo violentada, espero pelo produto final deste trabalho em progesso, o momento em que a performance se juntará ao tempo virtual do vídeo, sendo atualizada no tempo real de uma instalação. Esperamos ansiosos por isso, pois já que não podemos evitar a violência que a vida e a arte nos impõe, tentemos, ao menos, obter algum prazer neste fluxo de sofrimento. Masoquismo, talvez? Por quê não?"
Marce.
sábado, 17 de outubro de 2009
Eu chorei porque ...
O nosso casamento me violenta ..
Eu sobrei porque ..
Eu sobrei porque ...
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
porque talvez seja só uma tentativa. Vou te ligar.
Eu sobrei porque...
Eu sobrei porque...
Nosso casamento me violenta...
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Qual é a embriaguez de VIOLENTA?
"
8.
Da Psicologia do Artista. Para que haja a arte, para que haja uma ação e uma visualização estéticas é incontornável uma precondição fisiológica: a embriaguez. A embriaguez precisa ter elevado primeiramente a excitabilidade de toda a máquina: senão não se chega à arte. Todos os modos mais diversamente condicionados da embriaguez ainda possuem a força para isso: antes de tudo, a embriaguez da excitação sexual, a mais antiga e originária forma da embriaguez. Da mesma forma, a embriaguez que nasce como conseqüência de todo grande empenho do desejo, de toda e qualquer afeto intenso; a embriaguez da festa, do combate, dos atos de bravura, da vitória, de todo e qualquer movimento extremo; a embriaguez da crueldade; a embriaguez na destruição; a embriaguez sob certas influências metereológicas, por exemplo a embriaguez primaveril; ou sob a influência dos narcóticos; por fim, a embriaguez da vontade, a embriaguez de uma vontade acumulada e dilatada. - O essencial na embriaguez é o sentimento de elevação da força e de plenitude. A partir deste sentimento nos entregamos às coisas, as obrigamos a nos tornar, as violentamos. – Denomina-se esse evento como uma idealização. Desprendamo-nos aqui de um preconceito: o idealizar não consiste, como geralmente se pensa, em uma subtração e uma dedução disto que é pequeno e secundário. O que é decisivo é muito mais uma monstruosa exaltação dos traços principais, de modo que os outros traços pertinentes se dissipam.
9.
Neste estado, tudo se enriquece a partir de sua própria plenitude: o que se vê, o que se quer, se vê dilatado, cerrado, forte, sobrecarregado com a força. O homem que se encontra nesse estado transforma as coisas até elas refletirem sua potência: até elas serem o reflexo de sua perfeição. Este ter de transformar em algo perfeito é - arte. Tudo mesmo o que ele não é, vem-a-ser apesar disto para ele prazer em si; na arte, o homem goza de si mesmo enquanto perfeição. [...]
"
apropriação de...
antes de ontem deu discussão na mesa do jantar. de novo. acho que a gente entendeu, não sei como, que a mesa de jantar é lugar de discussão e não de jantar. acho que ninguém comeu nada. a comida também estava fria. além disso, tinha uma cadeira virada. a outra sentou no chão, disse não vou levantar não fui eu quem deixou ela no chão. a outra, ainda mais indignada, começou a mexer nos talheres como se pudesse descontar neles o seu desespero. eu não falei nada, acho que nem estava na sala, porque não fui eu que coloquei a cadeira no chão, virada, impedida de ser cadeira. a mesa estava posta, mas quem foi que colocou a mesa, quer dizer, a cadeira no chão? quem foi que deixou ela virada? assim não dava para ter jantar. a gente se olhou, meio pausadamente. era como se olhássemos cada um para um parente morto sentado à mesa e depois, apenas depois, tivéssemos a medida de que sim, estávamos sozinhos. quer dizer, que sim, éramos apenas os três. depois disso a outra voltou a se emburrar. achei que fosse por causa da comida fria, mas não era culpa de ninguém. a comida esfriou porque não amamos o pão nosso de cada dia, por isso. não era culpa de ninguém. mas confesso. dava um silêncio entre a gente (entre os parentes mortos sentados à mesa) e todos voltávamos à questão. pode falar foi você? não fui eu você sabe que não fui eu qual é o problema em não sabermos quem foi? o peso dos parentes mortos fez todo sentido. nos olhamos. entre nós os avós todos os primos. tudo falecido na hora do jantar ganhava vida. talvez por causa disso a comida fria. talvez por causa disso os talheres intocados. talher de ferro é mais frio. talvez por causa disso permaneceram limpos, todos os guardanapos.
Nosso casamento me violenta...
Trecho da carta: Do fundo do coração, ou Love, Love, Love
Caio Fernando Abreu
Poemas e prosas da pasta rosa de Ana C.
"Discussão na mesa do jantar. Assunto, o vazamento que molhou o corredor. Mamãe acha que o papai é um mole.Papai pergunta por que ela mesma não vai tratar do assunto. Não dizem tudo o que pensam. Mamãe mandou atapetar quando papai viajava, surpresa. Há silêncio, curiosidade de saber o desenlace. Mamãe diz que projetou o filme para mais duas turmas. Papai diz que queria tanto tocar órgão, ensaia, dedilha no ar. Pergunta de mamãe se ele já terminou o trabalho da Bloch? Ânimos serenados pela tática de mútuos redesvios. Depois do jantar os homens descolam o tapete com ferramentas. Todos participam do alagamento. Escrevo in loco, sem literatura. Hoje li nos avulsos de Machado: regras para andar de bonds. Muita atenção a escarros, cuspes, catarros e perdigotos."
- da categoria dos PRONTOS, mas regeitados
Ana Cristina Cesar
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Papel higiênico
Eu chorei porque...
Chorei porque nesse dia eu entendi o que era o vazio. Porque nesse dia eu percebi que carregava ele dentro, que era meu, era meu corpo doendo incontido. Porque perder alguém é ter que se perder também. Vai-se um pouco em cada partida. Por isso hoje eu odeio tanto ter que dar adeus, mas eu dissimulo, sacudo as mãos diferente, para não ser efetivamente um tchau, uma despedida. Porque eu tive que lembrar de tudo que foi último. De tudo nosso que havia sido a última vez. O último abraço, as últimas palavras, os últimos tempos, os últimos sonhos compartilhados, as últimas coisas que foram tão triviais, porque não sabiam - ainda - que seriam algum fim.
Chorei porque morrendo você eu vi você indo e eu indo atrás, por extensão, por ser tão próximo, por sermos tão jovens, por sermos mais que amigos, chorei porque não encontrei forças para te segurar e dizer FICA! Chorei porque te vi inúmeras outras vezes, passando por mim em trocentas esquinas. Mas não, chorei porque depois que te vi não te vi. Chorei porque pedi aparece, pedi em silêncio, dá um sinal, e nada. Chorei porque me convenci que você estava aqui, perto, me vendo, me guiando, mas porque eu fora obrigado a não te ver, não te tocar. Chorei porque naquele dia entrei na farmácia e fui mexer nos cremes para cabelo. E achei o seu. E fechei os olhos e cherei seu cheiro. E chorei porque abri os olhos e vi que agora ele podia ser de qualquer um, menos de você outra vez.
Chorei porque durante muito tempo você me foi choro. Como se quisessem (quem?) compensar a alegria que foi viver você, que foi estar junto, viver junto, juntos crescer. Poxa, chorei como agora vou me dissipando, porque eu não queria que fosse assim. Chorei pelo desastre, pelo susto, pelo baque, pelas coisas que eu teimo em dizer poderíamos ter consertado, ah... Chorei porque sequei. Chorei porque vi fotos. E ontem vi de novo. E chorei porque a dor não é só minha. E quem talvez leia isso aqui vai pensar que você é outro alguém que não você. E ao saber disso eu vou chorar, dentro, em silêncio, porque vou perceber como o mundo é feito das mesmas dores, e cores, tão rubro, seus cabelos, que nunca mais vi outra vez...
Devia ter roubado um pedaço seu. Para ter trazido junto comigo, sabe? Devia ter gravado a sua voz, para colocar nesta noite e dormir sonhando, repetindo, sonhando, repetindo... Devia tanta coisa que não sei se devo. E se hoje eu chorei é porque o passado ainda está inteiro. Quase todo, faltando você. Mas está aqui, me fazendo saber por tudo aquilo que passei. O que fui. Devia ter te roubado. Te algemado e inventado tudo de novo. Chorei porque quis me culpar para ver se nisso algo se consertaria, mas não. Porque você deixou uma carta. E eu estou nela. Chorei porque você me pediu desculpas, mas não durou mais tempo sequer para que eu te desculpasse.
Mas eu o fiz, certo? Eu estava lá até o último segundinho. Até ver a terra cobrindo você, você virando túmulo. E chorei, como outras vezes, e chorei como se quisesse dizer de outra forma como dói tudo isso como amamos e como amar por vezes é precipício... Eu chorei. Porque descobri que quanto mais se ama mais se pede para chorar. Eu choro. Porque eu ainda não aprendi a não amar. E vou chorar. Por você, por mim e por todos os outros que inda vamos afagar...
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Nosso casamento me violenta porque...
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
eu chorei porque eu queria tanto, mas tanto
choro de estela
- Beatriz Bracher, Davi (ter você dormindo ao meu lado era tudo o que eu queria).
domingo, 4 de outubro de 2009
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Carta a um novo endereço
Nem sei como dizer. É muito difícil estar aqui, assim , aberta , cheia de feridas à mostra. É difícil. Mas eu “tô”. Queria dizer sobre nós. Nossos corpos. A relação de nós dois. Primeiro queria falar sobre meu braço direito. Tenho três marcas , uma de infância , de um tombo de bicicleta , outra de uma vacina e a terceira é um pedaço da sua unha ainda cravada em mim. Você sempre foi mais forte. O engraçado é que eu não chorei. Seu excesso de músculo que te fez despencar sobre a chuva. Eu só corria. Bom, mas não é disso que vim falar. Quero falar de seios. Os meus. Você sempre achou grande demais pra suas mãos. Onde já se viu? Alguém reclamar de excesso... Eu reclamei você , e seu excesso de reclamação. Meu corpo reclamou seus pudores .Essa sua mania de criticar qualquer ato espontâneo do meu_ corpo. Eu estava ali, com meu corpo, e tudo que queria era a intensidade. Certo , eu me assustei com meus próprios movimentos ao redor de nós. É estranho falar assim, como se tudo ainda estivesse aqui, vivo. Mas, a verdade é que eu nem consigo movimentar-me em sua direção. Fico lembrando daquele terceiro corpo, que tem mais marcas que o meu , mais dores que o meu... Você o mapeou inteiro , e eu sobrei. Mas não chorei.Que isso fique claro, eu sobrei e estou aqui. Em pé. Na direção oposta de vocês. Porque eu corri demais tentando ser parte de algo de onde fui cuspida pra fora tantas e tantas vezes. Muitas vezes , eu me obriguei à agir com naturalidade enquanto vocês riam. Eu ria também. Deveria fazer isso , queria ser parte disso , de vocês. Três. Nunca foi meu número de sorte. Sempre preferi os pares aos ímpares. Acho que era pelo medo de sobrar. Eu “to” sobrando. Estou em frente ao espelho , e estou sobrando de mim mesma. Muito estranho eu falar isso para você, você deve estar rindo. Não me importo.Eu que estou sobrando, e quero gritar minha sobra. Eu não vou chorar. E nem espero que você volte. Aliais, a única coisa que eu quero é que você tire sua unha do meu braço , ta sangrando faz algum tempo. Mas veja como eu sou forte , não chorei. A sua unha vai sobrar! E eu vou rir. Eu “ to” rindo . Que delicia! Calo-me .Não era isso que eu queria dizer, nem rir, mas já escrevi e não permito rasuras de mim mesma. Deixa ficar. Olho para frente , esse espelho ainda é muito embaçado por lembranças. Acho que estou me cortando cada vez mais. Esse corpo estranho que eu olho , está todo aqui inteiro. Não quero apagá-lo , não posso. Chorei. Desculpa. Eu não queria. ( agora falo com minha própria imagem , mas vou continuar escrevendo à ti) Dói , e eu choro tanto . São tantas posições que me doem. Tantos olhos e risadas que me doem . Não choro pela lembrança , mas pelo excesso da falta. Só tenho de vocês o que ficou no corpo , alguns sons , a risada do outro e meu medo de sobrar. Acho que por isso sobrei.
E dói.
Dominique Arantes