sexta-feira, 20 de agosto de 2010
sobre os dois textos escritos no dia 20 de agosto
não consigo parar de criar caso sobre o que me aconteceu no final do dia 20. Já estou um pouco mais tranquila e achei que deveria ir um pouco mais direto ao ponto, assim me exponho um pouco mais também. Estou com a sensação de estar me expondo pouco e isso não potencializa nosso trabalho de criação em relação a vivência dos acontecimentos, mas se "crio" caso é porque senti necessidade, de jogar um pouco com o acontecido e de fazer crescer outras possibilidades ao entorno, formas diferentes de se falar sobre o mesmo assunto.
Bom, o que vem ao caso é que ontem, a algumas horas atrás, no curso onde estudo teatro e pretendo me formar como diretora teatral, o curso de artes cênicas de habilitação em direção teatral da UFRJ, sofri uma tentativa de boicote ao meu espaço pessoal/coletivo de criação. Quer dizer, nós sofremos, afinal, a regra vale para todos e nesse caso mais ainda para as pessoas com quem estou de mãos dadas construindo e criando. Mas sofremos não só nós criadores, como também aqueles que nos proporcionam nosso fazer criativo e dependem delas. Foi em nome da busca por se fazer teatro que proibiram ele de acontecer, ou pelo menos tentaram, já que não foi possível fazer valer a nossa regra de boicote, tema de hoje, nem rejeitá-la.
Tenho infinitas críticas e argumentos contra essa regra, mas gostaria de colocar aqui aqueles que mais saltam aos olhos e tornam a violência um pouco mais perceptiva para os corpos movidos pelo movimento criativo de um projeto artístico em processo.
A primeira delas é como essa regra de fato fere o meu espaço individual de criação ultrapassando o âmbito da sala de ensaio do projeto em questão, referente a matéria de "direção V". Ela não diz respeito a NENHUM pilar de "formatação" de uma sala de ensaio nos moldes desejados para um primeiro exercício, ou pra qualquer "exercício" acadêmico. A regra simplesmente ultrapassa o âmbito das minhas obrigações como aluna da matéria referente. O que eu faço ou deixo de fazer fora do "espaço" da matéria e a maneira como eu articulo meus fazeres e afazeres dizem apenas respeito a mim, maior de idade e vacinada, principalmente contra grandes ingenuidades em relação ao assunto(pelo menos na tentativa). Aliás, "ingênua" é justamente como me sinto sendo taxada quando me é imposta uma regra tão imperativa e invaziva como a que falo aqui. Ingênua, alguém que não pensou sobre o que faz, não articula suas idéias e propostas, não tem propostas e tomou decisões aleatórias.
Outra crítica é como podem, propor o fazer teatral e impedí-lo simultâneamente. ???? Como é possível? De onde vem isso???? É algo completamente contraditório. Essa busca por um "teatro puro", um processo criativo o mais livre de crises e interferências exteriores pode ser um estupro para o teatro. Se o objetivo for fazer o melhor possível e assegurar uma criação mais potente, então, não proteja tanto, é o que penso. Desculpe professores, mas o argumento de que essa "regra" não é aleatória e sim matematicamente analisada e pensada não cola pra mim e me uma certa pena, além do medo de ter que trabalhar em um ambiente com essa bandeira e tantas outras levantadas, bandeiras em busca de verdades absolutas. Não que essa "construção racional" seja necessáriamente ruim, mas a valorização disso talvez, pois dessa forma colocamos a intuição em segundo lugar, bloqueando o espaço para o aleatório, não permitindo a crise, a confruência de "compartilhados". Aí não há teatro que se baste. Talvez não haja arte que se basta. Me parece que é justamente nesse compartilhar que a vida ganha novas ressonâncias entre recortes e diferentes formas de expressão.
Não falei até agora do que se trata a regra e não gostaria de falar por agora, pois ela ainda me soa tão absurdamente ilusória, ainda prefiro me reter as circunstâncias e as consequências trazidas, que acredito que devem estar sempre em observação e discussão e o significado disso tudo também não expresso com clareza aqui pois está, em parte, colocado nos dois textos publicados no dia 20.
Bom, por enquanto o que me cabe ainda é a sensação de estar refém e desaltorizada por autoridades aparentemente confusas. Vou continuar esperando e tentando me controlar nessa espera.
Vejo ainda algum resquício de inteligência e sensibilidade por parte de quem está a cima das decisões.
Hoje foi um pouco mais difícil, falei um pouco o que não gostaria de ter falado, entre acusações e julgamentos, mas o amor em alguns momentos impede a cabeça de racionalizar mesmo, aí vem o impulso, a exposição pela intuição, a abertura de novos espaços para o diálogo e a evolução.
Por se falar em evolução, se isso é o que é ambicionado, peço apenas espaço sobre meu tempo.
dobre os dias de hoje
Ele foi atrás, correu no segundo que passou por sua cabeça a possibilidade de não vê-la mais, tomou ar no segundo em que pensou que estava distante dela e não sabia o que seria possível ela fazer com tantas lágrimas e parou no segundo em que a viu, sentada no meio fio tentando se recuperar. Sentou-se ao seu lado na tentativa de dividir a dor, queria só tentar dar jeito, por um segundo. Isso era o que importava naquele momento e talvez por isso possa chamar tudo aquilo de "momento". Ele não sabe. Não sabe sobre o que se dá e de repente em seu momento de dor dividida entre eles falou: ei, não vai se angustiar sozinha.
Ela agora além de se mover por lágrimas se movia através de um corpo meio descontrolado, tremido. Ela tremia. Ele quis segurá-la, mas sabia que talvez fosse melhor deixá-la se entender com seus movimentos para tentar extrair um pouco daquilo
que precisava saber para dar-lhes alguma espécie de sentido.
Ele então perguntou o que ela sentia e ela disse: medo.
trocaram algumas palavras divididas e entrecortadas, mas houve um momento em que ele falou um pouco mais para que ela pudesse recuperar sua respiração enquanto o escutava com atenção.
Depois ela buscou um pouco em outros, havia uma espécie de falta tentando entender um pouco o por que dele não ter segurado ela quando tremia de medo, mas logo em seguida ele resolveu caminhar um pouco mais e estendeu seu percursso pelo dela. A imagem através da qual ele se percebia agora era a dela em sua trajetória, dessa vez dividida. No final, quando os dois pararam, no momento da separação do caminho pra casa ele segurou sua mão e perguntou se podia falar algo para ela, que estava no telefone com outro, o que a impediu de perceber a caminhada dele ao lado dela. Ela então pediu um minuto no telefone. Sentiu sua mão sento segurada e escutou ele falar com os olhos molhados sobre a beleza do amor que havia visto em seus movimentos. Era isso que havia ficado para ele, foi isso que ficará para eles e poderá ser compartilhado se for a eles permitido fazer um tanto de teatro, serem arrebatados e criarem arremedos pela passagem de uma grande dor.
a volta dos que não foram
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Me violenta o amor bêbado que se esconde no ir e vir de copos para revelar-se.
Vem curar teu nego
Que chegou de porre
Lá da boemia...
mandaram eu me calar mas eu falei
P.T.
sábado, 14 de agosto de 2010
Ciúme.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Cartas, dobre o dia de hoje.
carta sobre os dias de hoje
Ontem fizemos o abraço. Foi difícil, foi difícil e foi bom.
Difícil porque sabia que dessa vez outra pessoa ia me tirar dos braços da Dominique. Porque sabia que o Caio não ia ganhar todos os meus abraços merecidos e desejados.
mas foi mais ainda difícil porque queria muito naquele momento a Patricia e o Diogo, sentados ali, naquele canto olhando pra mim. Queria olhar pra eles também. Queria que eles estivessem vendo o novo espaço que fizemos. Era um retângulo, a platéia toda sentada como em corredor. Ficou bonito. O abraço pôde transbordar, como fazemos normalmente quando estamos juntos.
Nossa, como foi bom(estou com saudade e com vontade), mas como foi difícil. Isso é nítido, doeu mas podia ter doído mais. Pra vocês posso falar isso. Teria sido ainda melhor assim.
Mas na verdade acho que não daria mesmo pra sentir mais dor sem vocês ali. Até tinha bastante gente. Era bom saber que quando eu saísse dos braços da Dominique teriam outros, alguns outros que já são amores e já fazem parte, dessa forma, das nossas formas. Amores esses, espalhados entre outros abraços, que poderiam dividir essa dor comigo. Em algum momento quis só os amores ali, queria me expor por completo no abraço, desfazer, refazer, correr, puxar e empurrar, suar, tudo junto e acompanhado, sem muita preocupação ou julgamento, mas tinham outros.
No fundo tudo isso aparece agora simplesmente porque já dói muito o medo de perder os braços em que nos encontramos depois do choque, já dói tanto essa dependência louca, esse conforto desconfortável, o tempo que não existe mas passa muito rápido, toda essa duplicidade, construída através de tanta repetição e persistência. Já dói, e só de pensar também na possibilidade da dor que o medo do novo causa, o medo de não saber e de ter que lidar assusta.
Uma das meninas(ainda não importa o nome) que encontrei no meio do caminho, a outra que não era amor, nem faz parte, ficou presa na minha roupa pelo aparelho, tivemos que usar uma tesoura. Era a Vanessa.
Tenho medo do novo, só isso, medo do útero, pronto para fazer nascer. Tenho muito receio, duvido, mas continuo amando.
Isso pode ser considerada uma postura de adulto?
Espero que não, estávamos muito adultos Caio, essa tal "energia do adulto" é muito forte, pesa e não dá pra achar que é possível ter o controle de tudo. Na verdade você que me mostrou isso. Não sei se os outros adultos perceberam isso, mas senti falta um pouco do choro das crianças, os risinhos, os xiliques, toda a loucura e fragilidade sincera. Gosto daquele auê feito entre nossos amores, compatilhado com quem faz parte e dividido com quem vem chegando.
Fico feliz por falar isso, feliz por poder falar aqui. Precisava falar sobre os arrebatamentos que praticamos na residência que estou fazendo essa semana e de como tenho me sentido.
As vezes pesa, é muito cuidado com o que é novo e está sendo gerado. É muita coisa sendo gerada, muita descoberta, muito amor querendo ser compartilhado, muito corpo querendo ser tocado, percebido, mexido. Muita paisagem querendo ser olhada, muito chão querendo ser agarrado, tomado, muita parede querendo ser apoiada, e o cuidado, ainda é maior quando se é desconhecido. É tanto que as vezes acabo esquecendo de outros cuidados bem importantes que deveria estar tendo comigo. Agora ainda tenho cuidado pra não me deixar esquecer mais.
Amanhã vou no médico, consulta marcada. 15:30hs. Estou com medo, achei que fosse hoje. Não queria ter que falar as coisas que vou falar amanhã, mas preciso e devo.
Ontem a consulta foi com a Anita, a analista.
Depois que a Vera se foi ficou tudo mais difícil. Vera era minha médica, desde 1 ano. Ela que me tirou do hospital, me fez voltar pra escola, me viu nos piores estados. Tenho medo e vergonha que alguém me veja como ela me viu, não sei quem mais pode dar conta disso. Entrar em outros consultórios não fez muito sentido durante muito tempo. Ficar em casa também, minha mãe se sentiu muito sobrecarregada, ou algo do tipo. Ainda tem meu irmão, a criança lá de casa que ganhou o nome de criança.
Acho que a Anita sabe da Vera, da minha mãe, do meu pai, do meu irmão,...sabe porque sabe de mim, sabe das novidades e da dor que elas causam.
Desculpa se falo muito vidro, muito caco.
É que estou feliz e sensibilizada com todos, novos e velhos, amores e outros, todos os outros, os que fazem e fizeram parte em nossas salas, de trabalho e de casa.
Vou recolher. Tenho que ir, daqui a pouco teremos novos vidros.
Como a Bel falou, vou me aproximando aos pouquinhos, ou não.
Isadora.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Solilóquio.Criança.Chão.Quarto.
Mas você não me atendeu ainda! Eu nem terminei de te contar a minha história... Como eu ia dizendo, eu cheguei aqui no consultório e tinha uma menina com vestido e cabelo comprido e perguntei o que você tá fazendo aqui porque...
amamos o mesmo Deus
domingo, 8 de agosto de 2010
ViDRO
No dia em que elas brigaram na hora do jantar o primeiro barulho depois do silêncio foi o de um copo de vidro se espatifando contra uma das quatro paredes.
Quando eu ganhei esse trio de cicatrizes que costuram a minha mão ao braço esquerdo foi por causa do vidro da porta que eu soquei.
Quando a outra tentou e conseguiu seu suicídio o que eu vi ao chegar no quarto, antes do corpo, antes da morte, fora um pote de vidro tremeluzindo à luz do abajur amarelo.
Era vidro quando deveria ter sido plástico.
Era vidro quando deveria ter sido mentira.
Lembram-se, no início deste ano novo, quando eu abri a janela e o vidro despencou rumo ao chão? Pois então, era vidro ali também. Todo o vidro que colocamos para nos vermos por inteiro e sem reflexos - e que não eram espelhos - pois então, esse vidro todo começou a se retirar, a se abster de nós, eles estão se quebrando voluntariamente, eles estão meio que pedindo - por nós - algum pedaço de intimidade. Alguma parcela de escuridão.
Por isso eu lhes peço: não quero o vidro do box do banheiro. Sinto que ele será o próximo. E não gosto de pensar no sangue escorrendo sob a água do chuveiro. Parece que sempre será preciso mais sangue para colorir toda aquela água.
Eu estou com medo. A tela do televisor é de vidro. Vocês já repararam? No saleiro, no porta-pimenta, no vidro do sabonete, naquela única prateleira? Medo, do porta-retrato. Medo profundo, da garrafa d'água. Queria uma casa toda de plástico. Não. Não é isso.
Era só para dizer que eu quebrei o pote do café. Eu quebrei o pote de vidro no qual guardávamos o pó de café. Bem que eu tentei juntar o pó e colocar num pote plástico. Eu fiz isso. Depois desfiz, porque fiquei com medo de que algum pedaço de vidro pudesse continuar em meio ao pó. Depois pensei que era besteira, porque o vidro ficaria preso no filtro de papel se alguém colocasse o pó para fazer café. Depois não, estava certo, o filtro seria facilmente cortado pelo vidro. Depois fiquei em dúvida sobre quem é mais forte: papel, plástico ou vidro? Mas depois me tranquilizei. Porque faz tempo que a gente não toma um café nessa casa.
Terno
Trem
sábado, 7 de agosto de 2010
RESPONDO
da ordem dos superconselhos:
comece a dialogar com as pedras.
nossa. vocês são tão criativos, foi só ele falar que alguém tinha começado a escrever usando ele e ela que a coisa no blog deu uma mudada. me desculpem, não é bem essa a questão, eu só queria dizer o quanto vocês estão disfarçando a vida de vocês nessas ficções gratuitas. sim, é legal, é bom para praticar a escrita, mas afasta de vez tudo o que poderia haver de mais vital em cada um de nós.
calma.
eu diria.
é preciso calma, para se embriagar de vida e ter condição de refazê-la em palavras. eu não acredito nesse monte de eu te amo. eu não acredito em nada. é verdade. mas isso sou eu. eu sou exatamente isso. o que eu peço então a vocês que moram comigo (onde quer que seja). não fiquem deslumbrados com parágrafos-esconderijos. não fiquem assim sofríveis com metáforas desordenadas. nem se percam demais amando as rimas (elas não valem de nada).
eu lhes peço - pela boa comunhão aqui dentro de casa - não digam aquilo que chega a vocês sem palavras. não se espremam para dizer o inexprimível. não digam com "y" o grito que vem em "r". não amenizem o soco passando na face verniz. foi sempre assim. aqui em casa foi sempre assim. nada foi dito na imediatez da vontade. nada foi cuspido na falta de ar. nenhum ódio foi feito soco. nenhum silêncio fez o sangue esfriar. tudo aqui em casa agiu de forma acalmada, apaziguada. a gente sempre disse sobre moral, sobre ética, e não se permitiu ser. em primeiro lugar.
me desculpem. ele disse aquilo e vocês entenderam errado. vocês entenderam que era para copiar o que um dia outro alguém tinha escrito e não é isso. acho que vocês deveriam ter entendido o motivo que fez a tal pessoa escrever aquilo.
resumindo: um dia eu inventei essa ficção do ele e ela porque vocês não estavam lá. um dia eu resolvi escrever que ela tinha brigado com ele e ele tinha feito isso com ela e assim por diante, porque queria chamar atenção para as nossas coisas, para as nossas quinas que de um tempo para cá estavam ficando cada vez mais polidas.
eu fiz metáfora com a nossa condição. eu fiz de nós poesia. e me fudi, porque vocês leram a poesia e a desvincularam da vida. vocês leram ele e ela e não perceberam ser vocês. vocês não perceberam. e agora, se divertem - tísicos - multiplicando eles e elas e nos fazendo ter uma casa repleta de gente vazia. casa repleta de gente. mas vazia de vida.
é isso. me desculpem. as coisas não me fazem escrever o contrário.
e eu não vou - nunca mais - deixar de dizer o que precisa ser dito - para mim -. eu não posso saber de vocês. eu não posso saber d'ele (caio), d'ela (isadora), nem d'ela (patrícia) e nem d'ela outra (dominique).
eu, diogo, registrado no cpf 068800576-40, nascido no dia 15 de outubro de 1987, ex-católico, diabético desde os 6 anos, estudante de direção teatral da ufrj, sem tendências homicidas ou suicidas, com vícios desmoderados, alimentação equivocada, afirmo: NÃO VOU DEIXAR DE DIZER AQUILO QUE PARA MIM É PRECISO.
a bateria do laptop vai acabar.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Notificação 1.1:
você já foi notificado e não sabe ainda.
pra que tanto medo de se machucar? Sempre a mesma coisa.
Na verdade estou colecionando coelhos enquanto espero que você me surpreenda de alguma forma e me tire daqui antes que eu morra de amor.
me beija!
(e se for preciso use a força para meu corpo não esquecer de ser lembrado por suas ações)
imperativo
será que já não chega, chegou, irá, chegar!?
Alguma hora
nosso ar vai ficar seco e rarefeito nesse espaço que já não comporta tantas mudanças, tantas transformações rejeitadas, recusadas. Foram brigas e discussões de domingo a quarta. me lembro bem da última:
eu fiquei no chão, sentada chorando e lembramos de anos atrás, do armário, não achei graça, você achou como quem vê de fora.
O problema é que você está dentro de todas as lágrimas.
entre soluços você resolveu que queria saber de mim, me ouvir.
chorei um pouco mais, de emoção dessa vez.
de amor.
gosto quando você resolve conversar entre nós. A partir de mim e não só de você.
Nesses poucos momentos em que você olha pra frente porque eu tô aqui.
coisa de pai e filho ou algo parecido, como deveria ser.
obrigada por esse instante.
lembra.
ei! ei ei! Ninguém disse que assim seria meu amor,
você se enganou com suas próprias estantes quando observava suas mãos pousadas. Você só estava querendo dar sentido pra alguma coisa e eu estava ali parado, logo ali, bem perto, esperando o sinal dos seus dedos, um movimento qualquer. Um latejar qualquer, coisa alguma ou nenhuma. Acabamos assim, desculpe se te machuquei, precisei tomar uma atitude pra te tirar dali, antes que começasse-mos a morder as estantes. Espero que ainda exista algum sentido para meus movimentos em você, podemos recordá-los, todos, meticulosamente se assim preferir. O que importa é que agora, ao te tirar dali, me faço presente, sei que peso nessa casa. Sei que peso nesse tempo, seguimos então. Podemos pintar algumas paredes também, renovar nossos olhares, talvez te faça bem. Sorri pra mim antes de partir.
eu te amo.
Responde.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
bloco de notas 04
bloco 05.jpg em sexta, 6 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 06.jpg em sábado, 7 de agosto de 2010 às 10h.
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
sei lá ou sei.
bloco de notas 03
bloco 04.jpg em quinta, 5 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 05.jpg em sexta, 6 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 06.jpg em sábado, 7 de agosto de 2010 às 10h.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
bloco de notas 02
bloco 03.jpg em quarta, 4 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 04.jpg em quinta, 5 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 05.jpg em sexta, 6 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 06.jpg em sábado, 7 de agosto de 2010 às 10h.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Acordei…
Não quis estar vivo. Acho que ao mexer a cabeça sobre o travesseiro alguma coisa aconteceu e por um segundo eu não quis mais existir. Depois me repreendi e pensei em uma série de tragédias, para tentar me dizer que a minha vida não estava tão ruim assim. É sempre assim, a gente precisa encontrar um motivo para durar mais um pouquinho. Acordei e tinha sujeira pelo chão do quarto. Acordei e tinha compromissos batendo à porta. Acordei com telefonemas. Fui educado. E ouvi logo ao desligar: quando você acordar eu falo com você. Acordei e quis não ter acordado. Acordei querendo ser sonho, ser pesadelo, ser outra coisa. Acordei e pensei em seringas, em começar mais um dia, em encontrar mais um dia. É verdade. O dia não amanhece ao seu lado. Ele nem vem, por vezes ele não existirá. E você passa o dia inteiro buscando alguma coisa na qual se agarrar e dizer: esse é o meu dia! E ai ele se vai e o dia então se foi, por isso acordei cheio de dúvidas. Acordei pensando em Godot. Acordei pensando em Miranda. Acordei com 3 telefonemas ao mesmo tempo. Acordei com o despertador. Quem deu ao despertador essa autonomia? Quem disse a ele que era permitido gritar ao meu ouvido logo tão cedo? Acordei e não sei. Acordei e continuo não sabendo. Acordei e não vejo a hora de voltar a dormir. Meu deus. Que sensação esquisita. Acordei no passado, no futuro, onde? O que foi que fiz com meu agora? Não o quero mais.
domingo, 1 de agosto de 2010
bloco de notas 01
bloco 02.jpg em terça, 3 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 03.jpg em quarta, 4 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 04.jpg em quinta, 5 de agosto de 2010 às 10h.
bloco 05.jpg em quinta, 5 de agosto de 2010 às 10h.
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