quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

eu não consegui porque...

eu não consegui porque a sensação térmica estava muito acentuada. eu não consegui porque o desodorante acabou. não conseguiu porque não tinha dormido muito. não consegui porque achei melhor não conseguir. eu não consegui porque queria testar em mim a possibilidade da falência. não consegui porque mais uma vez o que importou para você foi só a aparência, e eu não consegui porque ficar sorrindo sempre é sinal de desespero. não consegui porque as agendas não bateram. não consegui porque nossos sonhos se resumiram a sonhar e não a construir de fato algum enredo. não consegui porque estava de meias brancas num chão cheio de farpas. não consegui porque era carnaval fora de época. não consegui porque repeti. não consegui porque me antecipei. não consegui porque tomo muitos medicamentos pesados. não consegui porque meu cartão de crédito não veio. não consegui porque o ônibus não veio, a lua não veio, não porque o café acabou. não consegui por causa dessas e outras coisas. não consegui porque estou doente. não consegui porque descobri que preguiça mata. não descobri porque ficou frouxo e ninguém falou nada. não consegui porque descobri que ficar nela abraçado é melhor do que dividir o abraço dela com outrem. não consegui porque há o outro. não consegui porque eu consegui sem você. não consegui porque eu estou cheio. não consegui porque asma. não consegui porque alergia. não consegui porque diabetes. não consegui porque distância. não consegui porque minhas pernas inflamaram sob o jeans nestes dias de sol intenso. não consegui porque vi você conseguindo primeiro que eu não consegui porque o download não terminou. porque a cozinha está suja. porque as compras do mês acabaram. não consegui porque o mês ainda não acabou. não porque a hipoglicemia. não porque a hiperglicemia. não porque a mão dói para confessar este resquício de poesia. não porque não quero. não porque poderia querer. não consegui porque sei lá. o bonde passou. e nada então veio. e nem eu fui atrás. não consegui porque sozinho eu não conseguiria. não consegui porque não quero bancar vítima. não consegui porque o limite de caracteres não é de 140.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

frio

as nuvens de manhã acordando nossos olhos, a maçaneta estática estava sempre ali mas se tornou parte do caminho de nos retirarmos diáriamente de nossas paredes (depois que viraram nossas). O olho verde, o verde do mar que devia ser azul, a cor da luz de baixo, a pilastra de metal dentro do metrô branco. Fico tentando respirar entre nós, parar de achar que nisso tudo as paredes são as únicas coisas quentes. parar de falar das paredes, ir pra fora. Só, junto com tudo que é dentro ser um todo de nós, flexivel, calmo, amável. Está difícil confesso, o verão tem sua beleza mas por aqui não é moleza. Queria poder fazer alguma coisa.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

do que não foi

Acordei cedo para arrumar a casa, fui ao mercado e preparei todos os ingredientes para o nosso banquete, fiz gelo, estava feliz com a visita dos amigos. Mas ninguém apareceu e por distração não tiveram o cuidado de me avisar com antecedência. Talvez eu tenha passado muito tempo fora e as coisas tenham mudado por aqui, talvez eu não deva me importar.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

há tanto não escrevo

Belo Horizonte, 01 de dezembro de 2010

Deixei a casa por tempo indeterminado e agora meu quarto é o mais empoeirado.
Vamos sim faxinar, mas antes vamos beber vinho, ainda deve haver algumas taças limpas no armário da cozinha. Preciso contar o tanto de coisas que me aconteceu.
Acho que vocês vão gostar de saber que estou muito feliz aqui, depois de tantos e-mails dizendo o contrário.

Sinto muito a falta de vocês, em breve estarei em casa.

Por favor não mexam nos meus livros.

Beijo amo vocês
Patrícia Teles